Liderança comercial: por que todo mundo mete o dedo nas suas decisões (sem conhecer o bastidor)

Levanta a mão aí quando você ficou puto quando uma decisão sua foi questionada por uma avaliação superficial!

Se você é gestor, especialmente na liderança comercial, já viveu essa cena:

Você toma uma decisão difícil, com base em dados, pressão, timing e risco,  e no minuto seguinte já tem alguém julgando de fora: “Eu teria feito diferente.” ,  “Não entendi por que fizeram isso.”,  “Pra mim, não faz o menor sentido.” e por aí vai…

O problema? Quem mais critica é, geralmente, quem menos conhece os bastidores. E isso desgasta. Porque além de carregar o peso da decisão, você ainda precisa lidar com o ruído.

Nesta edição, em 7 minutinhos, eu te mostro por que isso acontece e como virar o jogo:menos julgamento e mais entendimento, sem precisar se justificar o tempo todo. Bora?

O instinto de julgar o que não se entende na liderança comercial

É comum observarmos indivíduos que, sem pleno conhecimento dos desafios enfrentados pelos gestores, acreditam que poderiam tomar decisões mais acertadas.

Esse fenômeno é conhecido como viés de superioridade ilusória, onde as pessoas tendem a superestimar suas próprias habilidades em relação às dos outros. 

O efeito Dunning-Kruger ajuda a explicar isso

É um viés cognitivo onde pessoas com pouco conhecimento sobre um assunto tendem a superestimar a própria capacidade de entendimento. Ou seja, quem sabe pouco, opina muito e com muita confiança. Já quem tem mais vivência e entende a complexidade, é mais cauteloso.

Por isso, quem está de fora de uma decisão tende a achar que faria melhor, enquanto quem está dentro do problema sabe o quão difícil foi escolher entre as opções reais e não entre as ideias perfeitas do mundo ideal.

Essa tendência não se limita ao ambiente corporativo. No contexto familiar, por exemplo, é frequente que terceiros opinem sobre a criação dos filhos alheios, emitindo julgamentos sem compreender plenamente as circunstâncias enfrentadas pelos pais. 

Comentários como "Essa criança dorme muito tarde" ou "Eu jamais daria açúcar nessa idade" refletem essa inclinação de avaliar sem considerar o contexto completo. Ou então, como é aqui em casa, quando as pessoas criticam que nossos filhos vão pra cama cedo demais, e portanto perturba nossa vida social; ou que não comem todas as as gorduras saturadas e açúcares que são ofertados por aí, e isso os exclui de coisas também.

No ambiente de trabalho, essa desconexão é evidente, como podemos ver nos dados abaixo:

Essa disparidade de percepções pode gerar um ambiente de desconfiança e desengajamento. Para mitigar esse cenário, é essencial que as lideranças promovam uma comunicação transparente e aberta, explicando os motivos por trás das decisões e ouvindo ativamente as preocupações e sugestões de suas equipes. 

Por outro lado, os colaboradores devem buscar compreender os desafios e responsabilidades inerentes às posições de liderança, reconhecendo que muitas decisões são tomadas com base em informações e contextos que podem não ser plenamente visíveis para todos.

Ao fomentar um ambiente de empatia mútua e compreensão, as organizações podem reduzir os julgamentos precipitados e promover uma cultura de colaboração e respeito mútuo.

Assimetria de informação na liderança comercial: você não sabe o que não sabe

Julgar a decisão de alguém sem ter o contexto é como criticar o final de um filme que você só viu o trailer. No mundo corporativo, essa falta de compreensão dos bastidores leva a julgamentos precipitados e, muitas vezes, injustos.

A gestão é feita de bastidores. 

O gestor não decide apenas com base no "que é certo",  ele considera riscos, metas, restrições, clima organizacional, perfis das pessoas envolvidas, timing, orçamento e pressões externas e internas. A decisão que parece absurda vista de fora, muitas vezes, é a menos pior entre todas as opções disponíveis.

Essa lacuna de informação entre líderes e equipes é conhecida como assimetria de informação. Quando a liderança não comunica adequadamente suas decisões e os motivos por trás delas, o time tende a preencher esse vácuo com suposições, levando a mal-entendidos e desconfiança. Como dizem por aí: "Se você não explica, será interpretado."

Um exemplo clássico dessa dinâmica ocorre na parentalidade. Pais frequentemente tomam decisões baseadas em fatores que não são aparentes para observadores externos. No entanto, terceiros, sem conhecimento completo do contexto, podem julgar essas decisões de forma precipitada. 

Esse fenômeno é reflexo do viés de superioridade ilusória, onde indivíduos superestimam suas próprias habilidades e conhecimentos em relação aos dos outros. 

No ambiente corporativo, essa falta de comunicação eficaz por parte dos líderes pode resultar em uma série de consequências negativas, incluindo redução da produtividade, baixo engajamento e insatisfação dos colaboradores. 

Para mitigar esses problemas, é fundamental que os líderes adotem uma comunicação transparente e aberta, compartilhando não apenas as decisões tomadas, mas também o raciocínio e os fatores considerados.

Isso não apenas reduz a assimetria de informação, mas também fortalece a confiança e o engajamento da equipe, criando um ambiente de trabalho mais colaborativo e produtivo.

Liderança comercial e crítica: quando a culpa também é de quem não explica

Se por um lado temos colaboradores que julgam sem pleno conhecimento do contexto, por outro, há líderes que não compartilham as razões por trás de suas decisões. Essa falta de transparência pode resultar em uma equipe desorientada, repleta de mal-entendidos e especulações infundadas.

Esses dados evidenciam que a transparência não é uma fraqueza, mas sim uma estratégia essencial de liderança. Ao compartilhar os motivos e processos que levam a determinadas decisões, os líderes não apenas fomentam a confiança e o alinhamento dentro da equipe, mas também transformam potenciais erros em oportunidades de aprendizado coletivo.

Antes de criticar decisões de liderança comercial, faça isso aqui

Galera, somos todos humanos, a gente tem aquela vontade de criticar quando vemos algo que nos desagrada, mas assim,tá com vontade de soltar aquele clássico “eu teria feito diferente”? Respira. Porque muitas vezes, a crítica vem rápida, mas o entendimento deveria vir antes.

Antes de opinar, passa esse checklist mental:

Você realmente entendeu o contexto da decisão? Ou está julgando com base no que ouviu por alto, sem considerar os fatores que estavam em jogo?

Você teria acesso às mesmas informações que quem decidiu? Decisão sem dados vira chute. E chute sem responsabilidade é fácil de dar.

Você assumiria as consequências da escolha alternativa? Não dá pra querer o controle sem aceitar o peso. Toda decisão tem custo, risco e impacto.

Você está reagindo ao resultado ou refletindo sobre o processo? É fácil criticar o fim de um caminho sem ter andado nele. Foco no como, não só no que aconteceu.

Você está ajudando a construir ou só descontando frustração? Crítica útil é aquela que melhora o jogo, não a que alimenta o burburinho do cafezinho.

Às vezes, criticar é fácil porque errar é invisível quando não é você no centro da decisão. 

Mas quem lidera de verdade não precisa de platéia, precisa de parceiros de pensamento.

E se você for o gestor? Seu papel na liderança comercia

A responsabilidade é sua, e a oportunidade também. Se você está no comando, saiba de uma coisa: gente que lidera no escuro, abre espaço pro time acender a luz com suposição.

A solução? Compartilhe o raciocínio.

Explique os porquês, mostre o que estava na balança, contextualize as escolhas. Não precisa abrir a planilha inteira, mas precisa mostrar de onde você está vindo e pra onde quer ir.

Porque uma liderança que fala pouco sobre o que faz acaba sendo mal interpretada por quem só vê o resultado final.

Transparência não é excesso de exposição, é clareza de propósito. E quando o time entende o caminho, ele caminha junto. Mesmo que não concorde 100% com a decisão, ele sabe que não foi feita no escuro.

Conclusão Sem Blah Blah Blah

Todo mundo adora criticar. Mas só cresce quem aprende a criticar com consciência e contexto. Julgar menos. Compreender mais. Cobrar com base em fatos, não em achismo. E se for pra discordar, que seja com argumentos, não com ressentimento.

No fim, liderar é um baita desafio. E criticar pode até ser divertido. Mas construir juntos é sempre mais inteligente do que comentar de fora.